"Você é os brinquedos que brincou, os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou. É sua praia preferida, aquele amor atordoado, a conversa séria que teve um dia com seu pai. Você é o que você lembra.
Você é a infância que recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é o que você chora. Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa. Você é a sensibilidade que grita, o carinho
que permuta, as palavras ditas para ajudar. Você é a gargalhada, o beijo. Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar. É aquele que rema, que cansado não desiste, é a indignação, a ardência da revolta. Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta. Você é os direitos que tem, os deveres que se obriga. É a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que
você pleiteia. Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca e lê. Você é o que ninguém vê."
Martha Medeiros